poesia

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31 de outubro de 2011

"Filhos de hermes"




São filhos de hermes e braços do polvo,
actores de farsa de soez cariz,
gang organizado, votado p'lo povo,
e uns vasconcelos, traindo o País.

São porcos que fossam onde euros abundam,
abutres que chocam a fome no covo.
São ratos que fogem se os barcos se afundam,
vampiros que sugam a alma do povo.

São corja que o povo, na fome apascenta,
a fome que o transporta ao status de antanho,
o status de angústia, que a fome acalenta,
e o leva a portar-se qual dócil rebanho.

Que o povo se erga, se firme em barreira,
que combata a corja, reaja à pobreza,
e qual Brites de Almeida, ousada padeira
ao polvo se oponha, seja fortaleza.

29 de outubro de 2011

"Evolução"










Espelho meu, ó espelho meu!
Conta... diz par'onde eu vou,
d'onde vim e quem sou eu?
Por que vim? Quem me criou?

E o espelho respondeu:
Que de África me apeei,
e que África concebeu,
naquilo em que me tornei.

Mais adiantou o meu espelho:
Par'onde vais? Não agoiro!
Talvez vás morrer de velho,
se o mundo não der um estoiro.

Livro aberto, 'inda contou:
Que p'rá África chegar,
algo em mim se transformou,
pois minha mãe fora o mar.

P´ra conclusão rematou,
haver na Bíblia a versão:
Fora Javé quem forjou,
do barro moldar Adão.

Não encontrando respostas,
para assim me elucidar,
ao espelho vou virar costas,
nada mais lhe perguntar.

27 de outubro de 2011

Bruxas portuguesas, sempre!









Entre a bruxa portuguesa,
e a bruxa americana,
eu alinho, com certeza,
pela bruxa lusitana.

A bruxinha portuguesa,
'inda cumpre a tradição,
se desloca pobretana,
a yankee, em foguetão.

Seja um bom patriota,
largue as bruxas de halloween,
passe a gente que as boicota,
desse modo não traquine.

15 de outubro de 2011

"Amor imperfeito!"








Sua mão em seu lugar tacteou,
um lugar frio e vazio encontrou.
Dela ficaram resquícios de odor,
frutos de coito d'intenso fervor.

Surpreso, com encanto se depara,
a prostituta o coito não cobrara,
junto ao dinheiro deixara uma flor,
e a mensagem: foi um coito de amor.

Sempre que a prostituta regressava,
ao seu amante ofertava uma flor,
o jeito de dizer-lhe que o amava.

Ele, apaixonado balbuciava:
sê minha apenas minha, meu amor!
E a flor, perante tal rogo murchava.

10 de outubro de 2011

"Ode à amizade"








Alguém um dia cantou:
"Que a morte não mata o vento,
e a raiz ao pensamento,
machado algum a cortou".

Por ser livre o pensamento,
aos ventos lanço meu canto:
A amizade é sentimento,
do mais sublimado encanto.

A amizade é a junção,
dos mais nobres sentimentos,
e que leva ao coração,
os mais belos dos momentos.

Seja amizade alimento,
de vivência salutar,
e aprazível condimento,
nesta sã forma de amar.

Pode morrer a amizade,
quando um amigo se for,
mas ficará a saudade,
a bela forma de amor.

6 de outubro de 2011

"Dúvidas"










Prouvera eu conhecer-te,
para a ti poder chegar,
mas porque não poder ver-te,
me levas a te indagar:

Te assumes como autor,
o designer paisagista,
de tudo o que ao meu redor,
pelos meus olhos se avista?

Engenheiro e criador,
e que do nada fizeste,
o universal motor,
do movimento celeste?

Eu, da vida um viandante,
suposto de tua lavra,
aguardo alma expectante,
que de ti venha a Palavra.

Se porventura a Palavra,
à minha porta chegar,
deixarei que ela se abra,
assim Ela possa entrar.

1 de outubro de 2011

"No inferno de Dante"








Quero a alma bem passada,
barradinha, ao meu sabor,
e de trampa recheada,
disse o Demo ao Grelhador.

Também chispando exigiu,
que a dita fosse empalada,
p'ra que o molho que pediu,
não vertesse, desse em nada.

Como bebida ordenou,
urina bem decantada.
Logo servido a provou.
por tíbia desmedulada.

O Demo a Alma enfardou,
a pança de gás encheu,
e tão alto traqueou,
que todo o inferno tremeu.

Porque da alma gostou,
adorou o seu sabor,
logo lesto a defecou,
p'rá repor no Grelhador.

Este tenebroso inferno,
d'imensurável tormento,
e de dor em "ad eterno",
é d'igrejas, alimento.